quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Resgate

(...)
Ela, uma vida desgastada pelas emoções - sempre tão à flor da pele.
Que maluca! Maluca desde sempre. Caótica (e como o caos bela e intensa, embora perturbadora). Tão emotiva (que chegava a ser boba), tão sensitiva (que chegava a dominar o mundo, quando o mundo a percebia).
Tão decidida (chegava a entusiasmar), tão
d
e
c
a
d
e
n
t
e (chegava a causar pena).
Ele, tão ingênuo (apesar da libertinagem e safadeza), de caráter tão firme (apesar dos desvios). Tão cheio de valores e de trabalho (como trabalhava, o homem!).
Ela, tão disposta para o amor e os perigos.
Ele, tão equilibrado, sensato e conveniente.
[Mas o diabo do homem, às vezes arranjava um olhar de menino, carente. E assim andava pelos cantos. Ela, chafurdada na lama da paixão (se pudesse) o consolaria, o respeitaria. Lavaria as cuecas e os calçados, prepararia o café e o jantar. Assim, Amélia. E quando nos tempos de lascívia - tão comum nos jovens - o vendaria (com a gravata, como vira num filme) sentaria em seu colo e lhe mordiscaria a orelha. Beijaria-lhe a boca. E o corpo. Faria-o gozar (pra ele) de formas tão inéditas e tão boas. O pobre: tinha malícia e ainda inocência. E a deixava encantada].
(...)
texto: trechos de tão, da casa antiga.
Ilustração: o que exatamente torna os lares de hoje tão diferentes, tão atraentes?, richard hamilton.

5 comentários:

Beto Canales disse...

Há o que comentar? Talvez não por reticências...

Abração

CARLA ROCHA disse...

Felipe, simplesmente :

Anônimo disse...

quase eduardo e mônica!

Flávia disse...

Até eu fiquei encantada... tem um desses por aí?

Carol disse...

Gostei disso!