sábado, 31 de janeiro de 2009

'Sei que às vezes uso palavras repetidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas?'

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Balloons


A tinta no muro rascunha uma vida:
uma donzela que poderíamos crer decadente
não fosse a loucura seu maior charme.
E as confusões todas que ela cria fazem da sua existência
o estímulo para um mundo mais bonito
para corações sadios e sorrisos de amplidão.
Mas da tristeza que ela guarda no peito, que fazer?
Para o entusiasmo permanecer, a saúde que pede
e um amor que se importa com o trivial:
aquilo que diariamente deixamos para depois quando em meio ao nosso vazio, achamos o ar para encher a bexiga.
E as palavras? Continuam a fazer sentido apenas para mim, acho.
E Clarice: Faz tempo que eu não uso exclamações!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Postal para Clarice

Não tenho o que suspeitar, querida,
se duvidei de tudo – como todos, aliás:
das febres, dos rastros, da poesia rasa.
Meu coração foi o fruto podre das dores de existir.
Existi, só?
Ou fui pleno em meus impulsos exageradamente inteiros e incolores?
Sem cor não há alegria ou cor é só disfarce?
Eu comi dos alimentos mais primordiais e bebi das águas que tinham gosto, sim.
E Clarice, se você soubesse da estranheza de amar como eu amei, dos sentidos invertidos.
Mesmo suspeito, eu amei.
E agora, sem suspeita, que certeza?
Aí onde está, qual a certeza? Qual é a busca?
Eu estou buscando Clarice, pois esperar não serve mais.
ilustração: whats eating Clarice?

A solidão amparada

----------- como definir o que é essencial? Como controlar, comedir o desejo de atingir o inalcançável? Eu falo de sonhos e angústia. Das coisas que estão longe, da inadequação e da invisibilidade de ser.
Uma ilusão que se prolonga na permanência de uma fé intermitente – tudo é intermitente: o próprio tempo e o amor na condição do Cristo - mesmo o amor é intermitente e não deveria. E a lucidez.
É uma lucidez que se conforma em não ser nada. Um engano.
O sentido é a busca da calma e a calma também é incerta. Se não faz sentido e se sente é tão ruim como parece? Eu falo de aflições, redenções e coisas já vistas. Eu poderia sonhar com o insustentável? Eu poderia me sustentar das estruturas condenadas? E dessa coexistência ainda ter o céu?
A etimologia do entusiasmo deve ser constante. O poder da palavra ouvida e íntima, sentida como instrumento de comunhão entre o divino e o resto.
Eu esperava exatamente essas palavras, porque eu – como ser – sou mesmo muito previsível.

domingo, 4 de janeiro de 2009

Bicicletas (ou o fim da infância)

bicicletas (ou o fim da infância)
por felipe lima