
Eu pareço irregular agora.
E no meu desnorteio eu fui um menino de olhos fundos e sorriso triste - eu não sabia sorrir.
Eu não sabia sorrir e estou inconsolável.
Eu estou perdido querida, mas é só um pedaço. É que estou próximo ao ponto em que não duvidarei mais de mim e tenho medo.
Eu tenho medo dos fragmentos de um amor (in)acabado: eu me canso tão fácil.
Eu bebi você e o seu gosto era amargo. Eu provei da sua carne e o seu gosto era suor.
É mentira: eu não comi e não bebi, eu vomitei porque eu pude sentir o gosto mesmo estando longe e com a boca fechada de agonia e o sabor era forte e impróprio. O gosto já cheirava a inadequado.
A minha insensatez era tsunâmica e o meu desapego o meu único bem.
Entorpecido eu quis de novo o impróprio do sabor em minha língua e procurei-o em outras bocas, outros sexos e era tudo falta.
Era tudo um silêncio ensurdecedor e eu emudeci
(Eu queria um pedaço do teu sossego).
Eu amo o teu pé branco e marcado como com a cruz.
E eu amo a chuva porque ela me dói feito vida latente e irremediável, plena e possível.
Chove e eu senti a presença perturbadora do Senhor.
Dorme amor, porque faz frio e amanhã eu tenho que dizer adeus.
Ilustração: maria joão franco.
4 comentários:
Vomite.
Até não poder mais.
Mas se alimente antes de dizer adeus.
Nunca sabemos quão longa será a caminhada,
até que vomitemos novamente.
Que força em sua composição, eu também amo a chuva e seus pingos nas janelas dos carros...
Grande abraço do conde!
Felipe, vida é assim: sentimentos em carne viva/vida. Bom domingo, amigo.
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Felipe obrigada pelos comentários. Todos os dias morremos um pouquinho mas por outro lado acabamos por conhecer não só um pouco mais da vida mas também a nós mesmos! Abraço grande!
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