segunda-feira, 30 de junho de 2008

O beijo

Amou tanto que não pôde permanecer. Teve de ir embora, pelo bem de sua sanidade e da sanidade de outras pessoas. Foi triste e sofrido, devastado pelas emoções; tantas. Foi lembrando do beijo que nunca houve e que talvez nem deveria, do meio abraço, das muitas revelações, soltas a implorar por misericórdia (só um pouco de misericórdia).

Foi lembrando dos pêlos, dos cabelos, da maciez do toque por detrás das folhas de papel (o toque), da voz, do andado, do sorriso que não conhecia a felicidade, da angústia daquele rapaz. Foi lembrando do boneco de biscuit, todo proporcional.

E de lembranças assim construiu uma casa; linda, que morou pra sempre em seu peito e que viu o passado chegar querendo colocar os pingos nos is, aceitando as complicações. Era o tempo que faltava e que veio da maneira como devia e queria. O tempo. Já nem era mais paixão, talvez nunca tenha sido. Era encanto, amor.

E talvez o amor não precisasse de um beijo. Talvez o amor só quisesse possibilidades. Todas elas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Realmente, Felipe...As lembranças, boas e doloridas, constróem mesmo castelos dentro da gente de maneira a não nos deixar esquecer. E eu gosto disso! E gosto também de pensar que o amor é mesmo um guerreiro; tem vida própria e sobrevive, independende da nossa vontade. Não canso de repetir que você fala de amor com tanta verdade, que chega a emocionar. Beijo grande!