terça-feira, 4 de novembro de 2008

Calado

À porta de mim, um eu quieto.
Mudo e estático, recordo-me
que eu fui o peito nú que abrigou sua cabeça pesada e confusa.
[Os sorrisos eram tristes à medida da tua distância]
Eu não me cansava e não tinha fome
porque nos alimentávamos das substâncias intrínsecas ao nosso contato.
Era um furacão que não devastava,
uma dor que não doía e era bom sentí-la.
Era bom fruir da angústia que não dilacerava,
do tapa que não machucava.
Hoje há um eu calado,
perplexo.
De tão imóvel, quase morto;
de uma morte sem tragédia ou arrebatamento.
Irei sobreviver ao tempo de um segundo?
Eu vou superar.
Levarei tempo, ainda, mas tempo é divino.
Renascido, haverá a dúvida:
deverei olhar para tudo como se fosse a primeira ou a última vez?
ilustração: a little quiet, lost and gray.

10 comentários:

Beto Canales disse...

To cansando de ser repetitivo, mas, muito bom, de novo!

Adriano Queiroz disse...

Lindo.

Parabéns!

Abraços.

Anônimo disse...

Olhe como se fossem as duas, Felipe; veja o começo e o final de tudo o que você sente, sempre. Oscile velozmente entre os dois pontos e não se choque. Não se espante. Assim, todas as suas sensações serão inteiras e intensas, como já devem ser e como você merece que sejam. Adoro (tudo) o que você escreve! Um beijo...Ou dois...

Unknown disse...

Belo. É legal, por esses blógues, ver o estilo diferente que as pessoas tém de desenvolver um mesmo assunto. O teu é singular.

Camilla Tebet disse...

Lindo! as vezes a dor não tem mesmo nome, só a certeza de que vamos sobreviver a ela.

felipe favilla disse...

agora eu gostei cara.
não ficou piegas como de costume =)

beijos

Jana Lauxen disse...

Poxa, que bonito isso.
"Uma dor que não doía".
A vida é bem assim para mim.

Um abraço
:)

Karen disse...

eu tambem me identifiquei MUITO com seu post. concordo que devemos ter muito em comum, e também ficarei devendo uma visita com mais calma, estou cansada, sem criatividade, e sem tempo. Um beijao, boa semana.

Flávia disse...

Nem a primeira, nem a última... uma vez intermediária, onde as dores sejam igualmente medianas, se é que isso é possível.

Espero que seja. Preciso que seja.

Beijos, moço.

Beto Canales disse...

qual apelido?