quarta-feira, 16 de julho de 2008

As confissões da Srta. Nina Bar

Compreendo que, ao cometer suicídio mergulhando num mar revolto e frio, a Srta. Nina Bar já estava morta, não vivia mais.
Já havia morrido pra si mesma, não reconhecendo-se em meio a tantos personagens criados por e para ela.
Não era mais capaz de amar e ser amada (depois de tanto amar), sucumbiu em meio as ondas tenebrosas de um maremoto dentro do peito.
Morreu temendo que os muros espalhassem seus segredos, escondendo-se do mundo.
Revelando-se sempre aos que a permitiam.
Nina era forte mas não quis usar forças; demonstrar forças era sinal de fraqueza.
Nina despedaçou-me. E me ensinou a remontar, pedaço a pedaço, uma alma em cacos.
Com todos os erros e uma disposição invejável para descobrir a verdade sobre suas emoções.
Usufruindo de tudo, de cada pedaço do mundo.
Desnudando corpos, caras, almas.
Pecando, redimindo-se. Inúmeras vezes.
De tanto viver e viver de tudo, acordou e percebeu-se já morta, não havia mais o que fazer aqui.
A data: doze de junho. Nina não se lembrava que era dia dos namorados, portanto, minha suspeita inicial de que sua dor era de cotovelo, não se firmou.
(Àquela época, a propósito, Nina mantinha um caso com um homem jovem e casado, pai de duas meninas, por quem esteve apaixonada. E só tinha dezenove anos).

Um comentário:

Anônimo disse...

Meu Deus.....